segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

refluxo

as lágrimas que antes no peito, sobem à garganta.
as veias latentes por dentro distrubuem a angustia.
as faces disformes formando o teu rosto.

no escuro, tua sombra.
no vento, tua voz.
no peito, teu toque.
na alma, tua eternidade.

as horas que param e me desarmam.
as coisas não ditas brotam dos olhos.
as calmas que abandonam a alma.
a alma que me abandona por horas...

as horas que não te tive,
as coisas que não vivemos,
as vidas que não moldamos,
o fim do nosso tempo.

o choro, o tato, a voz, o tempo...
tornam-se pó!

domingo, 25 de outubro de 2009

talvez

Às vezes penso que não sei pensar em nada; que o que eu sinto grita, cega e, muitas vezes, corta.
A avidez do meu peito corta meu ar; a pálpebra cortando a lágrima; a lágrima gritando nomes e a falta de rumo, os rumos que não arrisco.
E o que eu calo falo pra madrugada - ouvinte que não afaga. Calo meus olhos e continuo aflito. Quietamente angustiado.
...
Talvez o rumo não valha à pena.
Talvez o tempo seja pequeno.
Talvez eu entenda o final...

Talvez eu fale e vire meu mundo.
Talvez eu cale e ouça o tempo afiando suas lâminas.
Talvez desande, me sente e finja abstrair...
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porque sambar no fogo cruzado é para poucos

terça-feira, 8 de setembro de 2009

ao meu redor


Das cidades falaria do barulho, das luzes, do excesso de irformação crua e indigesta. Do movimento frenético de carros e pessoas. Da solidão no meio do mundo.
Das cores diria algo das sensações, das lembranças de momentos e pessoas, da amplitude de variação.
Da lua, do sol ou do mar diria qualquer coisa poética e sentimental. Algo próximo de Vinícius com um pouco de Bossa.
Mas das pessoas destes tempos e de muitas horas nada que eu fale parece a medida certa. Toda palavra é pequena ou parcial. Nada condiz com o sensorial... Amor falaria um pouco, mas não traduz o todo, as horas, os dias ou os sorrisos. Paz seria parcela curta, porém infinita. Nem felicidade seria exatamente plena...
As pessoas deste tempo e de muitas horas me fazem sentir algo novo e sem nome todos os dias. Brindo com a vida e a agradeço por esse caminho; por toda essa luz!


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à muitos e, especialmente, aos dois.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

do intervalo


É estranho não sentir o que tanto me faz poeta... Eu estranho não ter meta.
É andar em uma reta monótona e constante. Sem vista de finitude.
A falta de um fardo só me trás o peso da leveza. A quietude grita aos meus ouvidos. O frio é só o frio; as noites, as madrugadas, até mesmo as minhas vãs letras...sem sentido. Sem pesar!
Eu, navegande de sentimentos, não acho graça na plenitude e, tampouco, na quietude!
Gosto do que grita, do que arde, do descontrole. Gosto do sal da lágrima, do drama de um abraço, dos polos. Dos extremos!

A neutralidade acinzenta meus olhos sedentos de vida.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

da loucura


o ontem foi editado no sono.
o hoje só é vivido depois.

os atos são impensados
os amores, idealizados
os fatos, não recordados.

as cenas são montadas
as pessoas, pintadas
as vidas, não relatadas
as vozes, melhoradas
as mãos suadas!

o filme.
que passa, que corre, que não se acompanha.
o roteiro improvisado por realidades desperdiçadas.

os risos, as noites, as vidas, as palavras... irrealidades.
do pouco que sobra: as luas e os abraços!

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

das sensações

É com as noites e com a chuva que te combino. Com o verde e o torpor do absinto.

Com a fúria de um corpo e a embriaguez do pensamento - sensações fugitivas de dias passados e acúmulos dos dias que virão.

Hipertensão. Domina minha mente; me falta ar! te falta aqui perto, mas sobra teu cheiro em todo lugar.

Mormaço. A agonia que me toma e que me invade - arde.

Por dentro do corpo. Por dentro da mente. Por dentro dos sopros uivantes do vento ouço tua voz - calafrio.

Arrepio. No que parece ser brisa, és tu. Que chega aos poucos com os muitos que em mim deságuam.

Desabam dos olhos as coisas não ditas. Nos teus braços não encontro espaço. Perco o chão e a idéia de razão. Ébrio das emoções pintadas pelas tuas mãos que não me acolhem.

Recolhe tuas coisas e vai.

Se nessa farsa eu te tenho pela metade, vai. Mas vai além do que o tempo marcou, porque minha pele tá cheia do teu cheiro e meu corpo cheio do teu pecado.

E eu, marcado, aqui fico.

Rejeitando meu peito que te acolheu.

Relembrando a nossa história não-vivida, porém latente.

Revivendo nosso tempo que nunca foi teu.

M.Danilo e JudeRoots
amantes das sensações!

sexta-feira, 31 de julho de 2009

do que vai

só hoje queria respirar outro ar. algo mais leve.
queria me cercar de outra atmosfera e silenciar... a tudo e a todos.

esse tempo estacionário cobriu meu horizonte de cinza; tapou minha razão. e eu sigo lento e vagante de olhos vendados, tropeçando e caindo nas mesmas pedras de sempre.
ar! eu quero AR!
é quase criminoso clandestinizar o que se sente. e eu sou o crime, a culpa e a punição. :]
às vezes, a loucura é uma porta aberta. um mergulho pra fora da realidade. respiro o azul da loucura, mas sei de sua obsolescência e do peso de finjir ser leve...
é um risco e um perigo eu me enganar! rs. mas, parando pra pensar... gripe A, fome, guerra, crise econômica e um monte de coisa afetando a humanidade e eu aqui, na minha pequenez, lastimando algo tão passageiro. ¬¬'

tenho dito: me predisponho a enchergar o verde da paz que se perdeu em mim.

sábado, 4 de julho de 2009

Mosáicos nostálgicos

Faço mosáicos de recordações. Vivo como quem é espectador da própria vida; como quem vê a vida passar.
Quando devo falar, eu calo. Se é pra ouvir, distraio. Se é pra dançar, acanho. Se devo odiar, eu amo... A resposta certa sempre me vem depois. Assim como a coragem, a ação e a animação. Vivo da nostalgia de ontem, da lucidez recobrada e de paixões requentadas.
Eu assisto as minhas já vividas histórias, reciclo memórias e deixo tudo passar como quem espera agarrar o dia de hoje lá na frente... Como quem não tem controle de si e do hejo. Como um escravo do ontem.
Faço mosáicos nostálgicos do que podia ter feito, dito e sentido. Contemporâneo ao passado. Comtemplo meus velhos jornais.





MarcusDaniloM.