segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Vagando em vôo,
andando em círculos,
matando metas,
cobrando mora.

Dentro de fora:
Obstinado abstinente.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Amor Guantánamo

Fosse o amor Guantánamo, era eu prisioneiro agrilhoado. E nessa cela farta de solidão, farto-me dos murmúrios e insinuações por entre frestas gastas.
Um nó atado unilateral;
Forço-o a ceder a cada novo aperto;
'Diverte-se com isso', penso duvidoso.
Da vida rasa e imaginada dessa Guantánamo do eu só, passo tempo a forçar saída. Dá-me sempre um reforço no nó... Mantendo-me de ninguém, por ninguém, para ninguém; mantendo morno o que está suspenso; mantendo a sobrevida do nó.
Hoje, na avidez da queda livre, me vem à cabeça o dito dos antigos acerca dos nós: 'assopra que desata'. Porém me falta ar...

E acompanhado de mim e dos fardos abandonados que arrasto tal qual correntes, sob a luz de uma lua farta, vem-me as dores das opções: perdurar, sob a pena solitária dos vagantes; abandonar, sob pena de incompletude.


M. Danilo Moreira

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

a água pura das nascentes,
as chuvas torrenciais,
as tempestades tropicais,
o cais,
o barco,
o pescador.

o mar,
a pesca,
a dor...

em mim,
um eu em todo lugar.


M.Danilo
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e, mesmo em todo lugar, muitas vezes é difícil me achar...

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

ode à lua

deu-se aos suspiros.
difícil ter domínio sobre si quando ela enche.

sentado e sentindo o mundo, me vi girar!
afetado. de afeto e de lua - suspiro longo.
conversa flui, olhar vidrado.

serenizado, sentei para ver.
como se vê inchar o ventre, vi-a crescer e nascer.
vi-a pairar no céu, sobre e dentro de mim.
cheia de si, encheu-me o peito - cheio de mim.

abre meus olhos e meu plexo - que é lunar, acredite.
abre caminhos e cruza o céu.


no mundo e de pés no chão, me encanta de tão distante.
e num instante me faz mudar como ela muda de faces.
dê-me luz. dou-te domínio.
e agradeço.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

.da infinidade!

Desandou! Era brisa leve, virou vento e desandou! ... Por dentro, a ressaca do mar. Embriagando-se entre as nuances do céu, de um céu, daquele céu. Deu-se ao mundo. Caminhando sobre as horas secas, permeando as cercas feitas pra me conter. Feitas por mim. Feito pena, feito louco, feito leve . . .
Renascendo, como depois de um inverno. Eis a primavera ... de cores e de sensações. Renovo-me com a brisa.
Por anos alados percorri sem norte, meio contra o tempo... Findei contratempos.
E hoje, me desenrolo das linhas de Cronos, suspenderei suas agulhas... eu mesma me faço. Aponto o meu norte, sigo a brisa leve e que me leve looonge...
Vou pras primaveras, vou pras águas calmas, desfazendo o tempo
... E da brisa que me sopra mansinho ao pé do ouvido, recebo arrepios de êxtase. Percorre-me o corpo, invade a alma. Eis a vida.
E o peito me toma, falta-me espaço, quero expandir! Com só uma onda fiz parar o mar...
Estremeço, o corpo não me cabe. E as raízes, percorrendo o espaço... Quebram fronteiras e me alimentam.
A essência do encantamento. Com um novo tato deslizei em minhas margens, território meu. Me desfiz das sobras, moldei novas formas anti-contratempo. Me despi do tempo... Me deixei sem fim.
Sou primavera em êxtase, sou tempestade forte, sou brisa calma, sou ressaca de mar. Sou infinidade, de sensações, de luz, de mim e do que virá. Renasço.


"...e nada como um tempo após o contratempo.”



infinidade de afinidade poética. vem de mim, vem dela. Jude: http://lapsofantastico.blogspot.com/

quinta-feira, 27 de maio de 2010

do laranja

era o céu da tarde.
a cabeça na janela, a mente de janela aberta. alerta!

foi-se longe no tempo... longe perdida.
quanta juventude perdida...

voltou laranja da tarde - laranja que arde!
laranja com fome de tempo,
grande por dentro. fome de juventude!
sonho de plenitude.

farei meu lar onde o céu encontra o mar,
viverei de azul...
ah!, e de laranja - laranja jovem.

as cores do novo tempo

(sem ponto final)

domingo, 4 de abril de 2010

O três

-E agora? cadê o chão que eu pisava?- me pergunto.

Depois do três não se vê mais o chão que se pisava antes de tudo. Rendendo tempo, rendendo textos, rendendo dores, rendendo-me. No três se tem tristeza; sensação de prisão... cadê o chão?
Mesmo sem achar terreno, eu não estou a flutuar. Tenho peso; peso o bastante pra afundar. Talvez o chão esteja acima de mim... Ah, que carência de mim mesmo!...

Depois do três isso parece imperecível. "Cadê a validade do amor? E, se não é pra dois, quem foi o tolo que o validou?" E abaixo do chão tem o sufoco. Silêncio.

Depois do três eu não sobrei. Faltei. Sinto minha falta. Quem hoje em dia mora em mim?
Eu. Ele. O três.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

novo mundo

Às vezes, parar pra pensar é a porta aberta pra angústia - doença da modernidade...
Pensava eu sobre os amigos e sobre os acessos. Sobre os caminho, as ida e as vindas. Concluo, então, que o mundo moderno cada vez mais engole os laços.
Perdoem-me os internautas assíduos, mas me alimento dos abraços. Os laços que crio são reais! e cabe a observação: sentimentos não cruzam cabos USB's.
Lembro da minha infância, lembra-te da tua? No porta-à-porta se fazia o dia-a-dia... Os amigos eram vizinhos, o convívio dispensava o mundo digital. Dominava o reino real dos laços fortes e dos abraços. Ah, os abraços...
Não se pode quantificar o quanto se transmite em um abraço. É maior que ler as descrições dos sentimentos. É maior que ver as imagens que cruzam cabos, mares, antenas e satélites! Dispensa todo esse arsenal tecnológico. É natural, necessário e REAL!
E para os transeuntes desse mundo tenho a saudade. Esta que tenta nos consumir, mas não se engane: nós a consumimos moderadamente rápido. Então temos a falta do que já não é mais essencial...

Aproxima do cômodo, distancia do essencial. É isso que nos faz o mundo digital.
E o novo mundo físico? Ah, esse nos empele ao mundo digital por ânsia social! Esse engole os laços e as pessoas dia após dia. Esse me faz sentir cada vez mais estático e faz dos sentimentos algo sempre mais volátil. Eu sou daqui, sou real, dê-me um abraço e entre para o meu mundo.

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de quem sente e não esquece. de que tem saudade dos transeuntes. de quem ama, cuida e abraça.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

refluxo

as lágrimas que antes no peito, sobem à garganta.
as veias latentes por dentro distrubuem a angustia.
as faces disformes formando o teu rosto.

no escuro, tua sombra.
no vento, tua voz.
no peito, teu toque.
na alma, tua eternidade.

as horas que param e me desarmam.
as coisas não ditas brotam dos olhos.
as calmas que abandonam a alma.
a alma que me abandona por horas...

as horas que não te tive,
as coisas que não vivemos,
as vidas que não moldamos,
o fim do nosso tempo.

o choro, o tato, a voz, o tempo...
tornam-se pó!

domingo, 25 de outubro de 2009

talvez

Às vezes penso que não sei pensar em nada; que o que eu sinto grita, cega e, muitas vezes, corta.
A avidez do meu peito corta meu ar; a pálpebra cortando a lágrima; a lágrima gritando nomes e a falta de rumo, os rumos que não arrisco.
E o que eu calo falo pra madrugada - ouvinte que não afaga. Calo meus olhos e continuo aflito. Quietamente angustiado.
...
Talvez o rumo não valha à pena.
Talvez o tempo seja pequeno.
Talvez eu entenda o final...

Talvez eu fale e vire meu mundo.
Talvez eu cale e ouça o tempo afiando suas lâminas.
Talvez desande, me sente e finja abstrair...
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porque sambar no fogo cruzado é para poucos

terça-feira, 8 de setembro de 2009

ao meu redor


Das cidades falaria do barulho, das luzes, do excesso de irformação crua e indigesta. Do movimento frenético de carros e pessoas. Da solidão no meio do mundo.
Das cores diria algo das sensações, das lembranças de momentos e pessoas, da amplitude de variação.
Da lua, do sol ou do mar diria qualquer coisa poética e sentimental. Algo próximo de Vinícius com um pouco de Bossa.
Mas das pessoas destes tempos e de muitas horas nada que eu fale parece a medida certa. Toda palavra é pequena ou parcial. Nada condiz com o sensorial... Amor falaria um pouco, mas não traduz o todo, as horas, os dias ou os sorrisos. Paz seria parcela curta, porém infinita. Nem felicidade seria exatamente plena...
As pessoas deste tempo e de muitas horas me fazem sentir algo novo e sem nome todos os dias. Brindo com a vida e a agradeço por esse caminho; por toda essa luz!


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à muitos e, especialmente, aos dois.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

do intervalo


É estranho não sentir o que tanto me faz poeta... Eu estranho não ter meta.
É andar em uma reta monótona e constante. Sem vista de finitude.
A falta de um fardo só me trás o peso da leveza. A quietude grita aos meus ouvidos. O frio é só o frio; as noites, as madrugadas, até mesmo as minhas vãs letras...sem sentido. Sem pesar!
Eu, navegande de sentimentos, não acho graça na plenitude e, tampouco, na quietude!
Gosto do que grita, do que arde, do descontrole. Gosto do sal da lágrima, do drama de um abraço, dos polos. Dos extremos!

A neutralidade acinzenta meus olhos sedentos de vida.