quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Amor Guantánamo

Fosse o amor Guantánamo, era eu prisioneiro agrilhoado. E nessa cela farta de solidão, farto-me dos murmúrios e insinuações por entre frestas gastas.
Um nó atado unilateral;
Forço-o a ceder a cada novo aperto;
'Diverte-se com isso', penso duvidoso.
Da vida rasa e imaginada dessa Guantánamo do eu só, passo tempo a forçar saída. Dá-me sempre um reforço no nó... Mantendo-me de ninguém, por ninguém, para ninguém; mantendo morno o que está suspenso; mantendo a sobrevida do nó.
Hoje, na avidez da queda livre, me vem à cabeça o dito dos antigos acerca dos nós: 'assopra que desata'. Porém me falta ar...

E acompanhado de mim e dos fardos abandonados que arrasto tal qual correntes, sob a luz de uma lua farta, vem-me as dores das opções: perdurar, sob a pena solitária dos vagantes; abandonar, sob pena de incompletude.


M. Danilo Moreira

Nenhum comentário: