quinta-feira, 27 de maio de 2010

do laranja

era o céu da tarde.
a cabeça na janela, a mente de janela aberta. alerta!

foi-se longe no tempo... longe perdida.
quanta juventude perdida...

voltou laranja da tarde - laranja que arde!
laranja com fome de tempo,
grande por dentro. fome de juventude!
sonho de plenitude.

farei meu lar onde o céu encontra o mar,
viverei de azul...
ah!, e de laranja - laranja jovem.

as cores do novo tempo

(sem ponto final)

domingo, 4 de abril de 2010

O três

-E agora? cadê o chão que eu pisava?- me pergunto.

Depois do três não se vê mais o chão que se pisava antes de tudo. Rendendo tempo, rendendo textos, rendendo dores, rendendo-me. No três se tem tristeza; sensação de prisão... cadê o chão?
Mesmo sem achar terreno, eu não estou a flutuar. Tenho peso; peso o bastante pra afundar. Talvez o chão esteja acima de mim... Ah, que carência de mim mesmo!...

Depois do três isso parece imperecível. "Cadê a validade do amor? E, se não é pra dois, quem foi o tolo que o validou?" E abaixo do chão tem o sufoco. Silêncio.

Depois do três eu não sobrei. Faltei. Sinto minha falta. Quem hoje em dia mora em mim?
Eu. Ele. O três.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

novo mundo

Às vezes, parar pra pensar é a porta aberta pra angústia - doença da modernidade...
Pensava eu sobre os amigos e sobre os acessos. Sobre os caminho, as ida e as vindas. Concluo, então, que o mundo moderno cada vez mais engole os laços.
Perdoem-me os internautas assíduos, mas me alimento dos abraços. Os laços que crio são reais! e cabe a observação: sentimentos não cruzam cabos USB's.
Lembro da minha infância, lembra-te da tua? No porta-à-porta se fazia o dia-a-dia... Os amigos eram vizinhos, o convívio dispensava o mundo digital. Dominava o reino real dos laços fortes e dos abraços. Ah, os abraços...
Não se pode quantificar o quanto se transmite em um abraço. É maior que ler as descrições dos sentimentos. É maior que ver as imagens que cruzam cabos, mares, antenas e satélites! Dispensa todo esse arsenal tecnológico. É natural, necessário e REAL!
E para os transeuntes desse mundo tenho a saudade. Esta que tenta nos consumir, mas não se engane: nós a consumimos moderadamente rápido. Então temos a falta do que já não é mais essencial...

Aproxima do cômodo, distancia do essencial. É isso que nos faz o mundo digital.
E o novo mundo físico? Ah, esse nos empele ao mundo digital por ânsia social! Esse engole os laços e as pessoas dia após dia. Esse me faz sentir cada vez mais estático e faz dos sentimentos algo sempre mais volátil. Eu sou daqui, sou real, dê-me um abraço e entre para o meu mundo.

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de quem sente e não esquece. de que tem saudade dos transeuntes. de quem ama, cuida e abraça.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

refluxo

as lágrimas que antes no peito, sobem à garganta.
as veias latentes por dentro distrubuem a angustia.
as faces disformes formando o teu rosto.

no escuro, tua sombra.
no vento, tua voz.
no peito, teu toque.
na alma, tua eternidade.

as horas que param e me desarmam.
as coisas não ditas brotam dos olhos.
as calmas que abandonam a alma.
a alma que me abandona por horas...

as horas que não te tive,
as coisas que não vivemos,
as vidas que não moldamos,
o fim do nosso tempo.

o choro, o tato, a voz, o tempo...
tornam-se pó!

domingo, 25 de outubro de 2009

talvez

Às vezes penso que não sei pensar em nada; que o que eu sinto grita, cega e, muitas vezes, corta.
A avidez do meu peito corta meu ar; a pálpebra cortando a lágrima; a lágrima gritando nomes e a falta de rumo, os rumos que não arrisco.
E o que eu calo falo pra madrugada - ouvinte que não afaga. Calo meus olhos e continuo aflito. Quietamente angustiado.
...
Talvez o rumo não valha à pena.
Talvez o tempo seja pequeno.
Talvez eu entenda o final...

Talvez eu fale e vire meu mundo.
Talvez eu cale e ouça o tempo afiando suas lâminas.
Talvez desande, me sente e finja abstrair...
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porque sambar no fogo cruzado é para poucos

terça-feira, 8 de setembro de 2009

ao meu redor


Das cidades falaria do barulho, das luzes, do excesso de irformação crua e indigesta. Do movimento frenético de carros e pessoas. Da solidão no meio do mundo.
Das cores diria algo das sensações, das lembranças de momentos e pessoas, da amplitude de variação.
Da lua, do sol ou do mar diria qualquer coisa poética e sentimental. Algo próximo de Vinícius com um pouco de Bossa.
Mas das pessoas destes tempos e de muitas horas nada que eu fale parece a medida certa. Toda palavra é pequena ou parcial. Nada condiz com o sensorial... Amor falaria um pouco, mas não traduz o todo, as horas, os dias ou os sorrisos. Paz seria parcela curta, porém infinita. Nem felicidade seria exatamente plena...
As pessoas deste tempo e de muitas horas me fazem sentir algo novo e sem nome todos os dias. Brindo com a vida e a agradeço por esse caminho; por toda essa luz!


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à muitos e, especialmente, aos dois.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

do intervalo


É estranho não sentir o que tanto me faz poeta... Eu estranho não ter meta.
É andar em uma reta monótona e constante. Sem vista de finitude.
A falta de um fardo só me trás o peso da leveza. A quietude grita aos meus ouvidos. O frio é só o frio; as noites, as madrugadas, até mesmo as minhas vãs letras...sem sentido. Sem pesar!
Eu, navegande de sentimentos, não acho graça na plenitude e, tampouco, na quietude!
Gosto do que grita, do que arde, do descontrole. Gosto do sal da lágrima, do drama de um abraço, dos polos. Dos extremos!

A neutralidade acinzenta meus olhos sedentos de vida.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

da loucura


o ontem foi editado no sono.
o hoje só é vivido depois.

os atos são impensados
os amores, idealizados
os fatos, não recordados.

as cenas são montadas
as pessoas, pintadas
as vidas, não relatadas
as vozes, melhoradas
as mãos suadas!

o filme.
que passa, que corre, que não se acompanha.
o roteiro improvisado por realidades desperdiçadas.

os risos, as noites, as vidas, as palavras... irrealidades.
do pouco que sobra: as luas e os abraços!

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

das sensações

É com as noites e com a chuva que te combino. Com o verde e o torpor do absinto.

Com a fúria de um corpo e a embriaguez do pensamento - sensações fugitivas de dias passados e acúmulos dos dias que virão.

Hipertensão. Domina minha mente; me falta ar! te falta aqui perto, mas sobra teu cheiro em todo lugar.

Mormaço. A agonia que me toma e que me invade - arde.

Por dentro do corpo. Por dentro da mente. Por dentro dos sopros uivantes do vento ouço tua voz - calafrio.

Arrepio. No que parece ser brisa, és tu. Que chega aos poucos com os muitos que em mim deságuam.

Desabam dos olhos as coisas não ditas. Nos teus braços não encontro espaço. Perco o chão e a idéia de razão. Ébrio das emoções pintadas pelas tuas mãos que não me acolhem.

Recolhe tuas coisas e vai.

Se nessa farsa eu te tenho pela metade, vai. Mas vai além do que o tempo marcou, porque minha pele tá cheia do teu cheiro e meu corpo cheio do teu pecado.

E eu, marcado, aqui fico.

Rejeitando meu peito que te acolheu.

Relembrando a nossa história não-vivida, porém latente.

Revivendo nosso tempo que nunca foi teu.

M.Danilo e JudeRoots
amantes das sensações!

sexta-feira, 31 de julho de 2009

do que vai

só hoje queria respirar outro ar. algo mais leve.
queria me cercar de outra atmosfera e silenciar... a tudo e a todos.

esse tempo estacionário cobriu meu horizonte de cinza; tapou minha razão. e eu sigo lento e vagante de olhos vendados, tropeçando e caindo nas mesmas pedras de sempre.
ar! eu quero AR!
é quase criminoso clandestinizar o que se sente. e eu sou o crime, a culpa e a punição. :]
às vezes, a loucura é uma porta aberta. um mergulho pra fora da realidade. respiro o azul da loucura, mas sei de sua obsolescência e do peso de finjir ser leve...
é um risco e um perigo eu me enganar! rs. mas, parando pra pensar... gripe A, fome, guerra, crise econômica e um monte de coisa afetando a humanidade e eu aqui, na minha pequenez, lastimando algo tão passageiro. ¬¬'

tenho dito: me predisponho a enchergar o verde da paz que se perdeu em mim.

sábado, 4 de julho de 2009

Mosáicos nostálgicos

Faço mosáicos de recordações. Vivo como quem é espectador da própria vida; como quem vê a vida passar.
Quando devo falar, eu calo. Se é pra ouvir, distraio. Se é pra dançar, acanho. Se devo odiar, eu amo... A resposta certa sempre me vem depois. Assim como a coragem, a ação e a animação. Vivo da nostalgia de ontem, da lucidez recobrada e de paixões requentadas.
Eu assisto as minhas já vividas histórias, reciclo memórias e deixo tudo passar como quem espera agarrar o dia de hoje lá na frente... Como quem não tem controle de si e do hejo. Como um escravo do ontem.
Faço mosáicos nostálgicos do que podia ter feito, dito e sentido. Contemporâneo ao passado. Comtemplo meus velhos jornais.





MarcusDaniloM.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Carta à Vida (ou Carta Ávida)

Vida,
Dai-me do peito não a cura, mas a água que me mata a sede;
Dai-me também mais sede.

Dai-me o que nutre o solo desse meu deserto impenetrável;
Dai-me o que nutre a vida do meu único trevo que fácil resseca.
Dai-me forças,
Dai-me flores.

Dai-me o que me faz insensato, o que me cega, o que me desentende.
Desorienta-me.

Dai-me o que chorar a noite,
Dai-me o que gozar a dois,
Dai-me o que correr nas veias.
Dai-me veias.
As alheias.

Marcus Danilo Moreira