Ele a embriagava com sussurros.
Ela rendia-se cega, morna, dele; e guardava daquele instante o cheiro de café e fumaça, o som do bambu ao vento, o latido distante, o sal da lágrima, a textura áspera das mãos, a saliva acidulada. Amava.
Ele não a amava, mas lhe fazia amor. Ele a fazia gozar sem explorar os sentimentos, sem enganar, sem iludir. Ele a queria bem, mas não a queria para sempre.
Ela explorava os segundos, sugando do ar todas as emanações do amor. Gemia baixo, tremia o lábio, respirava caoticamente, contraia os olhos e desacelerava.
Ele fumava, beijava-lhe a testa, acariciava o gato e ia.
Ela estática, dissolvia-se entre os lençóis, molhava a fronha, rejeitava o útero, agonizava.
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